Primeiramente, o arrependimento implica em uma mudança de mentalidade. O termo mais usado para arrependimento nas Escrituras gregas (NT) é “metanoia” e significa literalmente mudança de mente.
A mentalidade hodierna é geralmente confusa e paradoxal. A idéia pós-moderna se posiciona contrário a todos os dogmas. É contra todo tipo de doutrina e a qualquer verdade que se apresenta como absoluta. No entanto, o pensamento pós-moderno não abre mão de seu dogma predileto – a relatividade moral. Na mentalidade atual não há nada certo ou errado, tudo é uma questão do ponto de vista de cada indivíduo, tudo é relativo. Hoje dia é intelectual e inteligente que não tem certeza alguma. Todavia, o verdadeiro crente tem a convicção que Jesus é o caminho, a verdade e a vida.
A mentalidade hodierna também se expressa a favor da preservação da vida animal e vegetal. É contra a interrupção da vida em potencial, em formação. É crime em nosso país destruir ninhos de ovos de tartarugas. No entanto, este mesmo pensamento se apresenta eloqüentemente a favor do aborto, em nome da liberdade feminina.
Considera todas as práticas e costumes das civilizações das religiões como cultura, defendendo sua propagação e preservação. Entretanto, é contra qualquer pensamento e influência cristã. Prega a tolerância religiosa e cultural, defende a liberdade de expressão, contudo, é intolerante quanto à fé e aos princípios cristãos milenares.
Percebe-se explicitamente que as pessoas estão impregnadas por uma mentalidade relativista, eclética, ecumênica e erótica. Em fim, as pessoas têm uma mentalidade pecaminosa e afastada de Deus. Portanto se faz necessário uma mudança de pensamento. É preciso que a mente de cada pessoa seja transformada. É isso que apóstolo Paulo disse quando escreveu: “E não vos conformeis com este século, mas transformais-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). O mesmo apóstolo disse que o cristão tem a mente de Cristo (I Cor 2.16). E ter a mente de Cristo é pensar como ele pensou. É viver conforme os seus ensinamentos e princípios.
Ao contrário do pensamento hodierno, que é confuso e contraditório, a mentalidade cristã, fundamentado na mente Cristo, é coerente. Pois somente a mentalidade herdada de Jesus Cristo nos dá condições para entender coerentemente tanto a vida física como a moral. Charles Colson escreve que:
Somente o Cristianismo oferece uma maneira para entender tanto a ordem física como a moral. Somente o Cristianismo oferece uma cosmovisão comprensível que cobre todas as áreas da vida, todos os aspectos da criação. Somente o Cristianismo oferece uma maneira de viver de acordo com o mundo real. (COLSON, 2000, p. 12).
Assim, o cristão não é contra a preservação das espécies, mas também defende a preservação da espécie humana. A vida humana seja de um adulto ou de um feto, de acordo com Constituição Federal do Brasil, é um bem inalienável e inviolável. A Bíblia ratifica que “o Senhor que é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e a faz subir” (I Sm 2.6).
Desse modo, o pensamento genuinamente cristão, fundamento nas Escrituras, nos outorga uma base solidamente racional e coerente com uma cosmovisão que se encaixa de forma natural com a realidade, nos capacitado a viver em harmonia com a estrutura do mundo real.
Arrependimento também implica em uma mudança de atitude. O verbo coligado de “metanoia” é “metamelomai” que quer dizer mudança de atitude. Quando a pessoa muda o pensamento, ela também muda de atitude. É por isso que hoje em dia se fala muito em conscientização. Por que quando as pessoas tomam consciência sobre determinado assunto a tendência natural é uma mudança de atitude e de hábito. O arrependimento provoca essa mudança.
Um exemplo bíblico de mudança de atitude é Zaqueu. Ele é muitas vezes apresentado como símbolo de um homem pecador. Era alguém muito rico, possuidor de uma invejável posição social e financeira; entretanto, discriminado pelos seus contemporâneos por causa da profissão que exercia. Ele era líder dos publicanos no distrito de Jericó. De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, os publicanos eram odiados e desprezados pelos escribas e pela população em geral. Eram considerados traidores de sua nação e agentes voluntários de seus opressores. Por sua profissão os colocarem em constante contato com os gentios, eram tidos como impuros e, portanto deveriam ser evitados pelos judeus.
Contudo, Zaqueu tinha um desejo – conhecer quem era Jesus. Enquanto Jesus atravessava a famosa cidade de Jericó, acompanhado por uma imensa multidão, a qual impedia qualquer pessoa de aproximar-se dele, Zaqueu teve uma idéia para que seu plano pudesse ser facilitado. Ele subiu em um sicômoro a fim de vê-lo, porque por ali havia de passar. Quando Jesus chegou ao lugar onde Zaqueu se encontrava, antes dele identificar quem era Jesus, Jesus chamou-o pelo nome e disse que naquela noite se hospedaria em sua casa.
Esse encontro mudou a vida de Zaqueu completamente. Com prova de mudança de atitude e de uma metamorfose interior, Zaqueu disse publicamente: “Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais. Essa atitude foi tão forte como demonstração de verdadeiro arrependimento, que Jesus disse: “Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”.
A Igreja é uma comunidade de ex. Paulo falou sobre isso quando escreveu a sua primeira epístola aos coríntios nas seguintes palavras: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (I Cor 6.9 – 11).
Portanto, as pessoas que vem para a Igreja não são as melhores do mundo, pelo contrário, geralmente são pessoas discriminadas, marginalizadas e rejeitadas pela sociedade. São pessoas que geralmente já bateram em todas as portas e perderam as esperanças porque não encontraram solução para seu dilema espiritual. Elas vêm para igreja exatamente com o intuito de melhorar a sua vida espiritual, emocional, familiar, financeira, profissional e até física. O pastor Israel Alves disse com razão que a Igreja não é formada pelas melhores pessoas do mundo, são formas por pessoas que querem melhorar, que deseja, semelhante a Zaqueu mudar de atitude.
Assim como Zaqueu, conheço pessoalmente muitas pessoas que foram completamente transformadas pelo poder do evangelho de Jesus. Em 1993, 31 de Janeiro, num domingo a noite, certo jovem, envolvido no mundo da criminalidade, planejava fazer mais um furto de veículos. Porém, naquele dia, antes de consumir o seu intento, resolveu, voluntariamente, participar do culto dominical da Igreja Assembleia de Deus. Durante o culto ele ouviu a mensagem do evangelho e da necessidade de arrependimento e de mudança de vida. Entre lágrimas aquele jovem levantou uma de suas mãos como sinal de arrependimento, desistiu do seu plano e se tornou um cristão, seguindo os ensinos de Jesus. Era alguém sendo completamente restaurado do mundo da criminalidade, transformado pelo poder do evangelho. Por isso que concordo plenamente com o apóstolo Paulo quando disse: “pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”. (Rm 1.16)
Durante todo tempo de existência do cristianismo ele vem sofrendo perseguições e severas críticas de seus inimigos. Milhões se tornaram mártires, derramando seu sangue, sendo comido pelas bestas feras, pendurado em madeiros, presos, torturados e discriminados por causa de sua fé. Muitos livros foram editados para desmascarar a nossa crença, filósofos decretaram a morte de Deus, teólogos tentaram mudar a interpretação da doutrina cristã para se moldar com o pensamento vigente, leis foram criadas para barrar a propagação do evangelho e assim por diante. Entretanto, tudo isso tem se revelado frágil ante ao poder do evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus. Nada mais no mundo recupera mais gente que o cristianismo exposto na Bíblia Sagrada.
Em fim, arrependimento implica em uma mudança de direção. O termo arrependimento também significa “voltar de” e “voltar para”. Arrependimento é isso: é abandonar radicalmente o pecado e voltar-se exclusivamente para Deus. O profeta Isaías esclarece esse conceito quando disse: “deixe-o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos, converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, volte-se para o nosso Deus, por que é rico em perdoar” (Is 55.7).
Jesus ilustrou essa verdade quando contou a parábola do filho pródigo. O filho pródigo é o retrato do homem pecador e afastado do Pai celestial. É o próprio filho que toma a decisão de separar-se do pai, pedindo o que por direito era sua herança.
Vivendo independente do pai, sendo dono de seus próprios bens, resolve se afastar ainda mais, viajando para uma estranha e distante terra. Lá passa a ter um modelo de vida pervertido, dissipando todos os seus bens, ao ponto de fica pobre, sem nada. Junto a sua pobreza sobreveio aquele país uma inesperada crise econômica, ao ponto de seus cidadãos passarem fome. A crise nacional e a pobreza daquele jovem foram tão imensas que ele se sujeitou a tomar conta de porcos. De acordo com a Bíblia de Estudo Almeida apascentar porcos era o trabalho mais desprezível que um judeu poderia imaginar, e mais degradante seria dividir a comida com eles. A miséria e a fome daquele moço chegaram esse ponto, de ter que comer dos alimentos que davam aos porcos, pois ninguém lhe dava nada.
Depois do filho pródigo fica sem nada, ninguém lhe dava nada. Ou seja, primeiro o Diabo lhe ilude, dizendo que você pode viver independentemente e distante de Deus, por meio de seus próprios bens e herança. Em seguida, ele rouba tudo que você tem por meio de um modelo de vida pervertido e dissoluto. Depois de você ficar pobre e na miséria espiritual, emocional, social e financeira ninguém lhe dar mais nada. Você passar a não ter nenhum valor.
Mas aquele jovem percebendo o seu deplorável estado econômico, social e espiritual, faz uma profunda reflexão que é muito melhor está na casa do pai, vivendo sob o seu domínio, mesmo como servo, que está distante e independente, porém morrendo de fome. O arrependimento, o retorno para Deus, principia exatamente neste ponto, quando o indivíduo percebe que não há como viver sem Deus. Independente e longe de Deus a vida em todos seus aspectos e dimensões será uma declinação. O homem sempre estará em um estado de degeneração.
Ao perceber que não haveria como viver longe do pai, aquele jovem toma uma atitude e age imediatamente, voltando para a casa de seu pai, não como filho, mas como um de seus servos. No entanto, o pai amorosamente e cheio de terna compaixão o recebe como seu legítimo filho. Recebeu o filho que estava perdido em festa, vestiu-o com a melhor roupa, simbolizando uma mudança de posição e de vida; pôs-lhe um anel no dedo, restituindo-lhe a autoridade; e calçou-lhe com sandálias, sinalizando que agora, novamente, seu filho era um homem livre.
É assim que Deus faz quando o ser humano volta-se para Ele. Os seus pecados são perdoados, a sua vida é restaurada e reconquistada a liberdade. Pois Jesus veio nos fazer livre de todo pecado e de toda opressão. Pr Joventino Barros Santana.